A discussão sobre terapia de reposição hormonal (TRH) é uma das mais polarizadas quando se fala em menopausa. De um lado, há mulheres que experimentam alívio considerável de sintomas com a reposição de estrogênio e progesterona; de outro, muitas preferem métodos naturais por receio dos efeitos adversos. Entender as vantagens, riscos e alternativas disponíveis permite fazer uma escolha informada. Este guia explora a TRH, apresenta opções fitoterápicas e mudanças de estilo de vida que podem ajudar a amenizar ondas de calor, insônia e outras queixas comuns.
O que é terapia de reposição hormonal?
A TRH consiste em administrar hormônios femininos — geralmente estrogênio, com ou sem progesterona — para compensar a queda na produção ovariana. Existem diferentes formas: comprimidos, adesivos, géis, cremes e implantes. O objetivo é reduzir sintomas como ondas de calor, suores noturnos, secura vaginal e prevenir a osteoporose. Alguns regimes combinam estrogênio com progestagênios para proteger o endométrio em mulheres que ainda têm útero.
Benefícios da TRH
- Alívio rápido de sintomas vasomotores: ondas de calor e suores noturnos geralmente diminuem em poucas semanas.
- Melhora da qualidade de vida: dormir melhor, ter menos irritabilidade e resgatar a libido pode impactar positivamente o bem‑estar geral.
- Proteção óssea: o estrogênio ajuda a manter a densidade mineral dos ossos, reduzindo o risco de fraturas.
- Saúde urogenital: cremes vaginais de estrogênio tratam atrofia vaginal, previnem infecções urinárias e melhoram a lubrificação.
Riscos e contraindicações
Apesar dos benefícios, a TRH não é adequada para todas. Estão entre as contraindicações:
- Histórico pessoal ou familiar de câncer de mama, de endométrio ou de trombose venosa profunda
- Doenças hepáticas ativas
- Sangramento vaginal não diagnosticado
- Doença cardiovascular não controlada
Alguns estudos associam o uso prolongado de TRH a um aumento discreto de câncer de mama e trombose. Entretanto, o risco depende da dose, via de administração, combinação de hormônios e tempo de uso. É fundamental discutir seu histórico médico com um ginecologista ou endocrinologista antes de iniciar qualquer reposição hormonal.
Terapias naturais e fitoterápicos
Para mulheres que preferem evitar ou complementar a TRH, existem alternativas naturais. Embora nem todas tenham evidências científicas robustas, muitas relatam benefícios ao incorporá‑las à rotina.
1. Isoflavonas de soja
Componentes encontrados na soja, tofu e tempeh, as isoflavonas têm ação estrogênica suave. Estudos sugerem que podem reduzir ondas de calor e melhorar o perfil lipídico. Estão disponíveis em forma de extratos concentrados, mas também podem ser obtidas na dieta.
2. Cimicífuga racemosa (Black cohosh)
Planta nativa da América do Norte, a cimicífuga é utilizada há décadas para tratar sintomas da menopausa. Pesquisas indicam melhora de ondas de calor e distúrbios do sono. Deve ser usada sob orientação profissional, pois pode causar desconforto gastrointestinal em algumas pessoas.
3. Vitex agnus‑castus (Agnocasto)
Amplamente usado para síndrome pré‑menstrual, o vitex também pode aliviar sintomas de perimenopausa, atuando no equilíbrio hormonal via regulação da prolactina. Está disponível em tinturas e cápsulas.
4. Óleos essenciais e aromaterapia
Lavanda, sálvia esclareia (clary sage) e hortelã‑pimenta são óleos utilizados para reduzir ansiedade, melhorar o sono e aliviar ondas de calor. Podem ser difundidos no ambiente, inalados ou diluídos em óleo vegetal para massagens.
5. Acupuntura e medicina tradicional chinesa
Essa prática milenar busca equilibrar a energia vital (Qi) através de agulhas colocadas em pontos específicos. Algumas mulheres relatam redução de ondas de calor, melhora do humor e aumento da energia após sessões semanais de acupuntura.
Mudanças de estilo de vida: a base do equilíbrio hormonal
Independentemente de optar pela TRH ou por alternativas naturais, hábitos saudáveis potencializam os resultados e protegem a saúde a longo prazo:
- Alimentação equilibrada: rica em fibras, frutas, vegetais e gorduras boas para estabilizar a insulina e reduzir inflamações.
- Exercícios físicos regulares: combinando musculação, atividades aeróbicas e alongamento para manter o peso, fortalecer os ossos e melhorar o humor.
- Controle do estresse: técnicas de respiração, yoga, meditação e terapia podem reduzir picos de cortisol que agravam os sintomas.
- Sono reparador: dormir 7 a 9 horas por noite regula a produção de hormônios e influencia positivamente o apetite e o humor.
Como decidir qual abordagem seguir?
Fazer a melhor escolha depende de fatores como histórico médico, intensidade dos sintomas, preferência pessoal e acesso a profissionais de saúde. Pergunte a si mesma:
- Meus sintomas impactam significativamente minha qualidade de vida?
- Tenho contraindicações ou histórico familiar de doenças relacionadas à TRH?
- Estou disposta a realizar acompanhamento médico periódico para monitorar exames e ajustar doses?
- Quais mudanças de estilo de vida já incorporei que podem reduzir meus sintomas?
- Estou aberta a combinar abordagens, como fitoterápicos, dieta e terapia hormonal localizada (cremes vaginais)?
A maioria dos especialistas recomenda iniciar com mudanças de estilo de vida e terapias não hormonais. Se os sintomas forem severos e persistentes, avaliar a TRH por um período limitado, sob supervisão, pode trazer alívio. Lembre‑se de que nenhuma solução é única e imutável: você pode ajustar seu plano conforme os sintomas evoluem e conforme surgem novas informações científicas.
Conclusão
Escolher entre terapia de reposição hormonal e alternativas naturais é uma decisão profundamente pessoal. Conversar com profissionais qualificados e compreender os riscos e benefícios de cada opção é fundamental. Enquanto a TRH oferece alívio rápido e proteção óssea, terapias naturais e hábitos saudáveis oferecem suporte integral e menos efeitos adversos. Na dúvida, busque um caminho equilibrado: integre uma alimentação anti‑inflamatória, pratique exercícios, durma bem e explore recursos naturais; caso necessário, discuta a TRH como uma ferramenta temporária para atravessar os momentos mais difíceis da menopausa. O importante é que você se sinta informada, confiante e no controle das escolhas que afetam seu corpo e sua vida.

✨ Mari Ianni
Criadora do blog Nós, depois dos 40






